Sou Outro Você

Tuesday, March 27, 2007

Mega Mágoa Acumulada

O amor é o mesmo
Só que eu não sou

O amor em mim endureceu
Traído abandonado doente
(a doença divina inventada)
Mentindo descaradamente
Tão carente da Verdade

Curtindo a dor me isolei
Ao léu bem longe
Na estante a rima azul celeste

Resisti aos trancos
Despenquei barrancos
No fundo me reergui
Ferido de tanto tombo
De tanta mágoa
A mega mágoa acumulada

Desaprendi a caminhar
Inteiro intenso verdadeiro
Um bolor apertando peito
Mofando o grande coração
Às tragadas do pulmão-fumaça

Gado marcado à ferro quente
Na face a cicatriz do ser errante
Sangue suor e lágrimas
Mistura maldita de ser homem
De ser um mano boa praça
Tomei facada e mais facada
Nas costas foi até demais
Uma depois da outra
E quando me voltei
Frouxo apavorado
Apanhado pelos cabelos
Ainda tomei soco na cara

Depois o principal corte
Do peito ao sexo
Espalhando os órgãos
(Ex) Vai indo a vida

Pobre santa máquina esburacada
Não te cuidei corpo querido
Te entreguei em mãos erradas

Tô um tanto maior que antes
Cada vez mais e mais distante
Do que me prende à esta terra
CARNÍVORA CRUEL
Que trata gente feito bicho
E bicho que nem lixo


No dia-gnóstico
Fui (salve) condenado
A matar matéria
A-pesar peso de papel
Fisicalidade ven-cendo
E já vai indo e vindo
(Mei lá mei cá)
Prazo de validade
Sangue véio na veia
Positivo e reagente

O resgate vei-divino
Ambulâncias e rosas

Se lhe empresto algum respeito
Saiba que é só porque acredito
Não em você
(mascarado anti-adorado)
E sim no que está escrito
Não há nada em tuas mãos mais bonito

A vida vá-lendo o verso (ou frase)

"...parece-me que só o que fica dos outros seja o que de verdade somos em definitivo..."

Vale a vida, vale o verso (ou frase).
Tá-va-lendo a tatuagem!

(((ofertado a Guerá Fernandes - texto sujeito à transformações)))

Saturday, March 24, 2007

o peixinho, a flor & a ROCHA GIGANTE

Morro crescido então... Se virei montanha posso.
Devo ser a pedra silenciosa do saber ouvir, e me calar.
A rocha gigante.
Brinquedo de homem escalante e/ou de bicho interessante querendo se alcançar. No topo a mais bela flor da consciência, a flor do firmamento, brilhando estrela cadente do céu à Terra, ligação do mais alto astral ao chão.
O telefone toca dentro da casa de dançar da alma. Uma chamada a cobrar interdimensional.
A música ecoando...
Quem será o deus do outro lado? Será meu Deus? Ou o adeus, deus do avesso?

Um voo pássaro zumbido
ligeiro bater das asas ágeis
me beija e me pólem

Fertilizada-mente-anti-seca irrigando pensamento. Adubando.
Mais uma criança acrescida nessa história, resgatando sua memória menina; da deusa mãe a lhe embalar soprando canto, a lhe dar o peito de mamar, alimentar de puro amor.

O beija-flor veio me dizer que o SIM voltou para ficar. Já era a Era do NÃO.

Tem novidade na área: A Nova Era.



*
*
*
Era uma vez um peixinho.
Um tanto metido e abusado.
Intencionava voar, pobrezinho, para alcançar a flor celeste no alto da rocha gigante.
Veja só que sandice. Copia só.
Mergulhava no ar se debatendo em nadadeiras.
Mas logo lhe faltava força d'água para respirar.
Sentia tanta dor que parecia que ia.
Depois do salto, o certo era tombo no mar.
Tristinho a observar sua natureza incapaz, amoeceu. Adoecido de desejo.
No canto mais escuro que encontrou ali ficou.
No mais sozinho... salinizando oceano.
Tempo passando e o peixinho lá chorando, nadando em lágrimas, tanto que o pacífico se encheu e transbordou, invadindo atlântico o continente americano, depois Europa, da Africa também pouco sobrou por terra.
O que havia de mais profundo oceânico, agora era terra emergida à luz do sol, e vice-versa.
A rocha gigante afundada no mar... O peixinho teve então sua chance.
E lá foi ele, livre e belo peixe, se criando no caminho, inventou o seu bater de asas... e voou.
Pensava em beijar a flor e assim o fez.
(Ofertado ao João Paulo Linhares)

Thursday, March 22, 2007

A QUEM POSSA INTERESSAR LER




Morro certo de que não vim ao mundo para viver morto.
Não vou gastar rara existência na sobrevida proposta.
Digo (em alto e bom som): Não vou!
Não vou me prender ao tempo, nem a esse corpo demente (dement-ira).
Se eu precisar ser diferente disso para ser aceito...
Digo (doce agradecido): Adeus, mundo cão.
Nada mais quero de ti. Nada!
Nada me interessa mais que o NADA.
Nada me pertence... Só meu nada.

Some ou nada (pergunto eu a mim mesmo)?
Digo (desaparecendo): Então sumo!
Assumo e assino (chutando o balde): Assassino!
Suicida kamikase exagerado!
Cazuza pôrra-lôca fim de todos os tempos!

Não vou aderir. Não me trato com a ilusão (de mentira).
Um caso perdido, se assim eu realmente for. ..

Minha fidelidade eu dedico à Verdade.
Sou de verdade da Verdade.
E se ela não me couber, então em mim também não caibo.
Caio pra não levantar mais; pelo menos não de corpo físico-presente.
Não aprendi ser diferente. Sou mesmo impertinente!
Remédio falso eu jogo no vaso e dou descarga.
Assim eu faço, fiz outra vez e faria sempre.
Se eu tiver que me drogar... só se for pra pirar Pinel.
Ou para ter prazer e viajar e me achar inteiro de novo.

Não vou mais competir, e não quero discussão.
Me imponho e pronto. Acabado nessa frase!
Será assim o final. Ponto.

Tô entregue. Abandonado em tuas mãos, senhor de mim.
Venha me buscar. Apareça. Me esclaresça a confusão.
Diz que sim, que não, mas diga alguma coisa... manifeste-se já!
Ou mais uma vida se esvaziará. A minha. Agora e sempre sua vida.

Suaviza meu ser, e me avise o próximo passo.
Se giro em pirueta insana-inconsequente-inconsciente...
Solto verbo no espaço... a rodar e a rodar e a rodar...
Ou se ultrapasso a compreensão e avanço em sua direção.

Aqui deixo declarado a quem possa interessar ler.

Monday, March 19, 2007

Cândida boca malhada
Por dentro a língua ferida
Ser tão inflamada garganta

De-pus contra nós

A voz embolando peito
Ressecando canto
Poluída fala

Um grito arranha o céu
(um Boom de trovoada)
Raio que nem ao mar se cala
Explode estrela, bagunça Lua
Imagem branca refletida n'água

Um báque teria
Se vir os fósseis
Pelos fungos devorados
Nós ossos a sós

Restos sem sons
Antigos eus calados
(silêncio)
Apenas ossos a sós

Friday, March 09, 2007

A SINA


Em cena
No palco
A sina

Ave voa ávida
Grávida-de-mais vida
Grave aguda vida
Oval ventre ao vento

Eu, lívido/pávido
Vivo revivo
Morro renasço

Mato montanha e morro

Cinzas coloridas
Pintadas queimadas
Todas cinzas coloridas
Voltam à vida

Sempre voltam
Volto sempre

Caio, levante (!)
Do chão para o alto
"Para o alto e avante"