Sou Outro Você

Wednesday, October 31, 2007

ASSIM SOBRE MIM

Não são próprias as palavras
Não as gerei em mim
Não as pari(s) nesse mundo
Ouví-as (ou vias) vindas de outra voz
Capturei-as e vesti-me delas
Fiz da pele uma segunda
O dom sobre o tom - como minhas letras -
Bateram-me forte/delicadas no estômago
(Caio me soca em sua boca exato perfeito)
Com mãos em luvas feitas sob medida
Assumi caligrafia alheia
E digo assim sobre mim:

"...Íntegro, sem mágoas nem carências ou espectativas. Inteiro, sem memórias nem fantasias..."
(Transformações, de Caio Fernando Abreu)

Tuesday, October 30, 2007

EU ESTOU VIVO!

Doida linda nua flor
Nem o próprio corpo veste
Toda essencia sem palavras
Cheirando a mato
De um verde vibrante
Sua cara
Nossa cura
Caminho contigo lado-a-lado
Pisando por dentro do peito
Dolorido-colorido nos sonhos
Sempre de mãos dadas
Tomamos banhos de mar
De cachoeira
De sol e de lua...
Até de chuva se assim desejar
Somos todo natureza
Puros naturais... elementais
Cristais iniciais do mundo!
Façamos as poções
Em nossos caldeirões
Liquidifiquemo-nos
Seu Eu e o meu Eu
Em estado d'água
De bebida mágica iluminada
E nos escorramos ao mundo
Nos entreguemos em frascos
Aos fracos pedintes necessitados
Aos seres sedentos
E que eles nos tomem para si...
Se embreaguem de nós
Eu digo a quem quiser ouvir:
Me toma! Me bebe!
Me suga a seiva...
Arranca-te de mim
Fonte inesgotável que sou de Eus...
Poço fundo de Deus Esclarecido
Na Terra caminharemos iguais
Com os mesmos pés
De Homens Deuses
Serenos seremos
As mulheres divinas mães lactantes
Seios fartos arredondados
Prontas para se dar
De m-amar, de ama(r)mentar
Donas do chão e de todos crianças...
O feminino cuidará de cada ser também feminino
Ainda que o órgão determine o oposto
O sexo se elevará à uma outra dimensão
Viveremos em orgasmos contínuos eternos
Sem jamais cessar o prazer de viver...
O prazer de estar vivo...
Eu estou vivo!
Eu estou vivo!
Eu estou vivo!

Wednesday, September 26, 2007

O Amarelo Âmbar

Hoje respirei fundo um tanto de esperança
O Sol não saiu detrás das nuvens escuras da tempestade armada
Mas sei ao certo que Ele estava lá
Como sempre há de estar
No mesmo lugar
E pude ouví-lo me dizendo sim
(Badalando feito sino
Ecoando sons de sins
Sim, sim, sim...)
Sim meu filho a-dourado
Terás uma nova chance de seguir abastado
Tua cura está por-vir...
Então caí de joelhos e chovi
Chovi e agradeci
Saí pro céu, corri pra rua
Chovendo forte grosso intenso
Mas lento, bem devagar
Não podia abandonar as particular-idades
M-olhando dentro dos olhos que me olharam encharcados
O tempo parou para que eu me visse espelhado
(Em cada um dos dois
Órgãos gelatinosos das vistas
De-ver do lado de fora)
Reflexo n'água de lágrima
Alagado refletido envergonhado
Me rejeitando assim, fora de mim
Voltei pra casa e chovi na sala um pouco mais ainda
Chovi de alívio, chovi de tanto amor desperdiçado, chovi o nó no peito, o nó na garganta, inundado deitado no sofá...
Escorri catarata silenciosa até o fim
E sem trovejar então relampejei
E iluminei-me num clarão
Numa descarga eléctrica
Atraído pela cor anterior
O amarelo âmbar

Desembaraçado tempo
O Rei enfim se apresentou
E logo se pôs ao cair da tarde
Seguindo vertical para o outro lado
Tratando de amanhecer mais uma vez
Trouxe-me a rainha para se deitar comigo
Adormeci menino brilhante em seu colo
Renasci estrela nos braços da Mãe

Wednesday, September 05, 2007

MESTRE EM MIM


O amor e o perdão
A cura e a liberdade

Frutos dos novos hábitos
Mais antigos
Abandonados esquecidos
Presentes em outras atitudes
Mais humanas
Verdadeiras essenciais

Largar as miudezas
Então ser grande
Assumir a Divindade
Ser homem-mulher
(independe o sexo
o corpo indifere)
Ser Pai-Mãe Criador
Ser Alto-Superior

Transcender o desejo
Elevar a matéria
Ao céu na Terra
Trazer o novo mundo
Mobiliar a nossa casa

Espero paciente
Consciente na mudança
Esperança na criança
Que mora em mim
E em toda gente

A fé que não se abala
Por nada me abandona
Exala o perfume que inala
Cheiro de mato, de flor
Me faz forte fiel servidor
Do nome do Homem-Deus
Sou um estimado filho teu
O chamado ecoando no céu

Me lavo na água corrente
De um rio gelado brilhante
Me seco ao Sol
Corro nu ao vento
Esquento e douro a pele
Sem marcas
Iluminada tez
Num tom rubro-castanho

Essa será minha paz
Viver em mim e nada mais
Ceder ao tempo
(ele sabe bem mais
das coisas que faz)
Num outro espaço
Longe da invenção
Sendo simples natural
Um mestre em mim

Tuesday, August 21, 2007

Todo ou nada

Quem é você Nayre Jones
Que me pede intimidades
Me pinta cheio de qualidades
Ainda que afiada seja a espada
A palavra dilacerante contínua
Sacramentada na ponta da língua
Boca aberta cheia delas espantadas
Ouve meu grito e te enganas
Como poderia eu te levar a voar
Se minhas asas são tatuadas
Minha dor nas costas estampada
Mais um grito e outra lágrima
Xingo nomes sujos como sou
Sujo pestilento inflamado
Latejando a favor do tempo
Persistindo bravo na matéria
Vibrando um tanto de saúde
Pra me satisfazer a existência
Cura mental e espiritual
Depois tudo no corpo se ajeita
Se deita no colo da terra
Se lava inteira na cachoeira
E vem correr comigo a montanha
No vento as remexidas cabeleiras
Se preferir meu canto
Sou de quem quiser me ter
No entanto
Tem que ser de verdade
Você é de verdade Nayre Jones
Ou é o codinome da bandida
Preparando um novo assalto
Meu lamento e seu acalanto
Se secar de vez meu pranto
Tenha olhos de vir me ver
E me terás como há de ser
Todo ou nada

Friday, August 03, 2007

A verdade é que não dá. Mesmo se eu quisesse vê-la... o fim deu-se tão certo naquela noite do teatro... Cumprimos nossos papéis. Eu sabia que assim seria. Te encaminharia à sua nova vida...
No encontro seguinte já não te conhecia. O elo se partiu sem precisão. Não havia razão... Tornei-me a sujeira imediatamente varrida pra debaixo do tapete, e nunca mais te pus os olhos outra vez...
As migalhas que me deixaste, neste tempo desde então, só me fizeram mal, respirando uma falsa esperança, como se algo tivesse sobrado, alguma coisa além de mim... Mas não, nada. Falo do amor pra sempre, das almas gêmeas, do amor mais casto puro divinal. Não é do amor entre homem e mulher que digo, e sim do amor mais próximo do deus em mim...
Levou embora minha riqueza contigo, a criança, deixou-a de castigo num canto qualquer sem atenção. Recortou bem como quis as fotos da infância e pôs num álbum provável mofado, esquecido no passado. Roubou minhas memórias antigas, até as mais recentes, mastigou o video de quando eu era vivo e não devolveu nem meus restos...
E eu mereci. O mal que te fiz recebi em dobro, bem assim como dizem acontecer... Que vai, bate, e volta com força duplicada.
Passei por bons bocados, continuo passando, mas como tudo na vida passa... A nuvem negra também passará. Voarei homem passarinho num céu claro azul novamente... o mar... à noite no alto entre as estrelas...
Sem ressentimentos, mas também nem sentimentos. Não sinto mais.
O tanto de ilusão que me interessava antes de ti, ainda não abri mão totalmente... Mas exergo, nem tão longe, a vida verdadeira, e caminharei unicamente em sua direção, desamarrando-me do velho eu... pra reencontrar minha inocência e voltar acreditar.
Durma bem Princesa, tenha bons sonhos. Quando acordar vem me contar o que aprontou, e que seja um encontro natural, atraídos por nossas vibrações...
E talvez riremos de tudo...
Talvez riremos de tudo...
Riremos de tudo...

Tuesday, July 17, 2007

MEU AMOR SE JOGOU DE CABEÇA

Meu amor eu já não sei

De onde vem que nome tem

Se inventei ou se real foi

Se me enganei e a quem me viu

Meu amor perdoa se fingi

Perdoa se menti enlouqueci

Bati os pinos toquei os sinos

Me joguei no chão me debati

Meu amor descontrolado

Saí da linha a mais de ano

Perdi o fio quis desengano

Fiz meu pântano mergulhado

Meu amor se jogou de cabeça