Friday, February 24, 2006

INTOCÁVEIS OLHOS CEGOS FINGIDOS

A distância que se fez desde o último toque não me abala mais. Se é que posso dizer que em algum momento perdi a ordem... Sinto um pouco, apenas. Ou senti. Agora nem isso... mais uma vez o vazio. Aqui me esbaldo. Um farto da paz e da tranquilidade. Me admiro sem louvores. Longe da ilusão da tua ilusão. Observando.

Uma agressão, seja ela de qual natureza for, nasce dentro do dito agredido, sempre! Um soco na cara vindo de uma outra pessoa - deve haver quem se agrida dessa maneira, socando-se, não sei, mas deve ter - nasce dentro de si mesmo, o tal nocauteado é o provedor maior. Não o homem que o empunha apenas, mas também, e principalmente, o que recebe. É uma projeção de imagens, dessas comuns, que nos acostumamos a ver no cinema, por exemplo. Pode parecer maluquice, e é, porque é assim que as coisas são, muuito doidas e sempre espelhadas, e nunca, nunca inexplicáveis ao ponto da total incompreensão.

A ignorância é uma lástima em homem crescido.

Resumindo meu comportamento social quando me sentia ofendido em cada uma das respectivas fases da vida digo que na infância ficava de mal, na panela do mingau come sal, na adolescência eu descontava nos meus pais - rebeldia de quem se enjeitava diante da vida, que havia escolhido antes mesmo de ter nascido, só não se lembrava inteiro ainda - e quando adulto, custou, mas resolvi crescer e saber com a agravidade de quem aceita a vida assim como ela é que não sou vítima de um mundo cruel, que colho aquilo que planto, e agradeço a Deus cada verdade oferecida, e mesmo não tendo o direito de dizê-la, faço o que não devo aqui, em minha escrita, a espada afiada, oferecida como instrumento na batalha.

Não existe diferença entre nós, meu querido. Existe sim o endeusamento que fazemos de nós mesmos; você no teu desaparecimento relâmpago, como uma estrela que projeta a falsa morte e desaparece sem deixar vestígios, a grande dama do teatro brasileiro, intocável e poderosa, cansada de tanta fama e tanta glória, e eu no meu orgulho de homem novo, humano e menino demais pra saber do julgamento que não te fiz, livre pra ser prazer em toda dor, e até rir do amor não correspondido. Não o reconhecemos quando ele acontece porque estamos distraídos demais com nossas questões existenciais, voltados ao nosso tão estimado e bendito umbigo.

Vá pra frente do espelho e veja se te lembra como se sorri. A manifestação na boca é sua expressão mais superficial. Imagina só, e deve saber muito bem, a quantidade de músculos trabalhando nessa hora. Quem dá ordem à isso? O cérebro? Quem dá ordem ao cérebro? A alma? Quem dá ordem à alma? O espírito? E o que é espírito, alma, como funciona o cérebro, quem é você...? Um doutor de quê, formado onde? É isso? Se resume nisso? Se a essa altura do campeonato ainda não saiu da casca... Que escolha infeliz pra se viver! Ou tá achando que ninguém vê a tristeza nos teu olhos, quando insiste em fingir que sorri na foto?!

Adoraria botar aqui teu nome e sobrenome como fiz outra vez com outro diretor, mas não é à um nome que me dirijo, muito menos à um nome artístico, nem é essa a problemática em questão, não é a tua parte morta que me conduz, se intenciono um novo toque, nenhum mais além desse último, é em outro plano, em outro nível, mas não acontecerá porque nem desconfia, e se desconfia por já saber não carece; o pior cego não é aquele que não quer ver, é aquele que finge ser cego, "finge que não viu aquilo que viu".

Nada vai além do que digo. Impassível à interpretação.

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