Thursday, February 09, 2006

HAMLET ESCLARECIDO

Arte é amor.
Paixão pela entrega.
Tesão na aceitação.
Não existe entre os corpos, fora de si.
É algo que nasce dentro, e se expande.
Sutil e poderosa, além matéria.
Arte não se relaciona, é interior.
Não se expressa, espelha.
Comunica nada, ilusão pura.
Ela ouve, no silêncio a verdade.
Arte só é arte se for de verdade.
Mecanismos infinitos podem ser desenvolvidos em seu nome, para que auxiliem o pobre artista em sua caminhada criativa.
Tolos homens... acreditam ser capazes de alcaçar sua supremacia, manipulando inutilmente, só em suas cabeças miúdas é que isso se concretiza, sua vontade fecunda e infinita, fazem isso em nome próprio. Assinam. Assassinos!
Formadores da mediocridade, donos da escola da burrice e da ignorância. Pobre homem que se auto-intitula artista, se soubesse alguma coisa sobre si, saberia da Arte intocável, da arte que escolhe, jamais é escolhida.
Existe sim aquelas desenvolvidas pelas mentes brilhantes. Essas eu aplaudo de pé. Mas não deixo que me toquem, não por ter escolhido assim, não condeno nem excluo, simplesmente porque não me pertencem. Aplaudo de pé e grito "Bravo"! Estarão esperando isso de mim no final.
Arte não precisa disso. Arte não é ego, nem vaidade. Arte é contemplação, consagração, comunhão. Arte é a única religião que conheço. É o mais próximo de Deus possível. Arte que se manifesta plena em toda a natureza. Todo o universo é arte pura.
E nós, os pensadores, participantes dessa ordem cósmica superior, fizemo-nos donos dessa verdade, inferiores que somos, fechamo-nos em crenças egoistas, cruéis, atômicas...
A minha autonomia eu construo abrindo mão de mim. Desconstruindo-me. Renegando tudo o que acabo de dizer, inclusive. Porque se é isso o que penso, não é a verdade. Não me iludo mais. Sei que não sou capaz de te alcançar... único pensamento criador.
E se eu, inocente, não percebo tua presença agora, manifestando-se através de mim, perdoa a falta de sensibilidade. Me embruteci com a vida, dói até agora. Mas não sofro mais, escolhi me curar. E estou em processo, procurando a porta de saída, dimensão que não me cabe, não te pertenço, me leva de volta pra casa, as pernas caminham junto dos guias, auxiliadores do espaço fora do espaço.
No meu tempo não existe tempo.
Me libertei do jugo do opressor. Entre SER ou NÃO SER, dúvida que judia e persegue até que prende e inutiliza, escolhi o óbvio, estou fora do seu cárcere: não ser!

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