Tuesday, February 21, 2006

Mais do que já foi dito

Ainda tenho mais uma coisa a dizer a respeito do que trago no peito,
esse assunto chamado arte se esgotou,
desconsidero-o dentro de tanta falação,
essa que se extende além do próprio pensamento,
minha ordem só habita a vírgula,
porque se me sento para escrever não é porque sei o que digo,
é porque aceito um convite à exploração do oculto,
venho em nome do não-saber,
digo e repito que não sei sobre o que digo,
nada faz sentido antes da releitura,
não consigo imaginar de onde ela vem,
os caminhos ainda não foram suficientemente percorridos,
passo pelo mesmo lugar muitas vezes antes de identificá-lo,
não deixo rastros, os cheiros são tantos, misturados se confundem,
as vozes que ouço agora falam juntas, e baixo, não colaboram,
não neste momento em que tomo as rédeas,
me interesso pelo saber de quem sou dentro dessa história,
não este em mãos, o questionador perdido nas perguntas sem respostas,
esse é quem me perturba, o homem máquina de sentidos inúteis,
uma voz manipulada por quem, por mim, quem sou eu, meu Deus,
escravo de um corpo desconhecido,
terreno inexplorado pela acomodação no prazer comum,
meus vícios me perturbam,
estou prestes a acender um cigarro, para isso terei de comprá-lo,
para mais uma vez densificar a matéria, poluí-la dos desejos escuros, os banais, e me entedio,
estou exausto, sem saber pra onde ir,
sem querer seguir, o próximo passo é o mais difícil,
requer a energia de todos os outros, os anteriores e futuros,
ou avanço ou me largo neste limbo pela eternidade,
me perco neste lugar abandonado em outro lugar,
entende, me perco em mim esquecido no mundo,
não sei mais parar e nem seguir,
e o incomodo é justamente esse,
me debato sem sair do lugar,
estou jogado no chão, afogando em rio que dá pé,
sem conseguir me levantar, onde está a ordem sobre o corpo que habito,
tantos outros defeitos, já não basta onde me danifico,
estou fora de mim,
por isso a inutilidade de todas essas coisas,
é hora voltar ao início,
e me entregar ao que tiver de ser,
saberei na hora certa sobre as coisas que me esquecem,
e não será nesse lugar onde se explica e compreende,
então aceito e silencio.

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