Monday, May 14, 2007

tanto grito para pouco pranto

Ser o mesmo é que eu não posso
Perdoa a minha inquietação
Ela nada tem a ver com tua oração
Me cansa a repetição
Figurinha duplicada me estressa
Quero ser outro de novo
Melhor ou maior que fui
O mesmo é que já não dá
Não é pra tanto grito
Mas também não é pra pouco pranto
Minha alma chora desamparada
Pelas tuas costas viradas
Entendo tudo, compreendo mesmo
Mas tem coisa que já não aceito
Não admito porque não minto
A poesia em mim nasceu com força
Rasgando tudo e eu respeito
E não admito que rejeitem meus filhos
Mesmo quando tortos, são todos lindos
Feitos à minha imagem, do eu criador
Coisa divina essa minha dor
É nela em que me fio, nesse pavor
Medo de não ser merecedor de tanto amor
Então te pego e te mastigo e cuspo fora
(feito tabaco fosse, fumo de rolo)
Pura covardia de quem sofreu de abandono
Te destruo antes que ouse tentar me matar
Dizem que a melhor defesa é o ataque, então...
Peço-lhe que me perdoe apenas a falta do tato
Cruzou o meu caminho em hora desajeitada
Por incrível que pareça estou bem, em paz
Feliz até eu diria se acreditasse nela
Pra mim felicidade é o que eu sinto agora
Prazer de ser pai-mãe, a barriga inchada
Coração acelerado, os chacras iluminados
As mãos explodem em luz, a superfície suada
Latejando a pele, puro movimento
(que vem de dentro)
Penso na morte mas não a quero ver agora
Me perdoa, vou deixar pra uma outra hora

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