MINHA DONA É A CONSCIÊNCIA

Escravo da consciência. Refém daquilo que deveria ser eu também. Ela destacada de mim comanda. Sabedoria feminina infinita guia sim e não. Entrego-me à manipulação sentindo o peso de sua presença. Levíssima! Ao pé do ouvido direito se manifesta. Conduz o pensamento à elevação, transmutando ação egoísta, que já é só generosidade. Ouço-a como mãe. Voz delicada, suave, questionável de tão simples. Abaixo a cabeça com humildade e peço bênção quando aceito teu chamado. Imprimo tua passagem, deixo-a atuar. Uno as mãos agradecendo a expansão do prazer... Eu e o desconhecido na rua comungamos bem materializado no espaço entre o dar e receber. "É dando que se recebe." Recebendo se aprende a dar.
Olho no olho substitui palavras. Digo-as em vão então? Necessárias ainda que ocas? Toco sujeira alheia e destaco a parte do corpo comprometida. Nada em mim quer mais dessa loucura. Pra rimar chamo verde e peço cura. Sento sob o Sol sobre os trilhos da minha ex-vida. Está desativada até que se faça realmente necessária. Pensei numa curta mas quero longa. Tamanho nessas horas importa, é documento.
Sonho com a menina dos meus sonhos. Viajo com ela por mim esperando anoitecer para lhe contar estrelas. Banhar a Lua de lágrimas felizes.
Quero minhas asas de volta. Sinto falta do mundo de cima. Sem elas limito-me à rebeldia. Por não tê-las é que grito. Tenho medo de ser homem, burro das coisas da Terra, lindo por Excelência Divina. Rezo pelo belo, cresço em oração. Amo até quem não quero, meu jeito de pedir perdão.


(((Carta enviada à Fernanda Sanches - editada)))