Wednesday, December 28, 2005

As crônicas do Alê Bebê. O berço, o bico e o cavalo.

Quando vim ao mundo bem sabia o que me aguardava. Cheguei aqui e esqueci. Até isso estava dito, que não lembraria...
Naquele tempo, ainda purim de mim, interessava por coisa pouca. Mal falava. Bico é ótimo poupador de palavras. Por isso somos nós os bebês que os usamos, pra nos resguardarmos da tagarelice dos tempos futuros. Sustentamos alguma sabedoria assim, cavalgando terras estrangeiras no vidro de shampoo incrivelmente desenvolvido na forma de cavalo. Sugando saliva ainda tento imaginar de quem terá sido essa brilhante idéia, a perfeição plástica do objeto me encanta, como fazer isso com as mãos é pergunta que não cala enquanto desenrosco a cabeça do animal; mas logo sou proibido de degolá-lo, há dentro um líquido que não deve escapar. Prefiro continuar viajando pelo novo país que se apresenta. Meu berço. Fui aguardado durante tempos para habitar esse lugar. Criado e praparado justamente para me receber, ali sou príncipe e devo honrar essa posição aceitando o que me é proposto e servindo meu povo.
Passarei a vida ostentando realeza por pura falta de decoro, batendo o pé e chorando, quanto mais alto mais rápido, tenho tudo que quero... Me especializo em gritos falsos de dor... Se tornarão verdadeiros mergulhados na mentira.
Mas meus cabelos alcançarão os ombros e minha barba engrossará. Aí eu volto ao meu lugar. O mesmo anterior à foto.

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